Ao longo desta exposição, você verá um painel de objetos relacionados aos povos do Planalto das Guianas – ameríndios e maroons. Cestaria e cerâmica guarnecidas com grafismos, bancos, redes de dormir, instrumentos musicais, objetos do cotidiano, descobertas arqueológicas – itens produzidos do passado distante até o presente, todos apresentando pontos em comum entre esses povos quanto às técnicas e materiais.

Por circunstâncias históricas, povos ameríndios e maroons vieram a transitar sobre o território que atravessa as fronteiras do Brasil, da Guiana Francesa e do Suriname.

Os objetos produzidos, que vieram até nós através de achados arqueológicos ou coletas etnográficas, resultam de saberes transmitidos, como as técnicas de trançado de cestaria, tecelagem, entalhe em madeira ou modelagem de barro. Interações culturais entre esses povos também influenciaram a produção desses objetos através do comércio ou do escambo, por exemplo, ou por meio de acordos e comemorações. Portanto, não é de se estranhar que haja itens semelhantes feitos por povos diferentes. Por exemplo, o tipiti – um objetofeito de fibra vegetal tradicionalmente usado por ameríndios (MPEG 7561)—também é empregado pelos maroons. Este implemento comum a povos do Planalto das Guianas é empregado na preparação de alimentos, ao possibilitar a extração da massa da mandioca.

De um modo geral, ameríndios e maroons puderam tirar bom proveito do ambiente em que moram, produzindo objetos a partir de matérias-primas naturais como a madeira (SSM H-0237), o algodão (MCG 91.8.231), o barro (MCG 91.5.57), as cabaças (MPEG 13761), ou mesmo penas de aves (MPEG N01\2009).

Cestaria produzida por ameríndios – frequentemente decorada com grafismos (MPEG 13793), adereços (MPEG 13986) e têxteis (MCG 91.8.219, MCG 91.8.231, SSM T-0027) – e os cocares de plumas (MPEG N01\2009) representam fortes marcadores de identidade. Quanto aos Bushinenge, eles são exímios no entalhamento de madeira (SSM H-0483). Ornamentos esculpidos constituem uma característica de alguns objetos Saramaka (SSM H-0136), enquanto que em casos como os dos Ndyaka (MCG 90.8.89), elementos decorativos pintados são acrescentados para afirmar o pertencimento a determinado grupo.